
Fiquei ali parada rodeada por pessoas desconhecidas que em nada me importavam. Sentia um nó na garganta e a ausência do chão em baixo dos pés.
Elas caminhavam em câmera lenta e minha cabeça latejava, pulsava em uma mistura de dor e desencanto. Era como está sobrevoando meu próprio corpo e do alto me via lá atônita.
As pessoas voltaram aos poucos se movimentaram, já podia sentir o solo e a vontade de correr. A pulsação e o nó na garganta continuavam ali, no meu corpo que agora passava a senti-lo. Voltei a ele e junto à consciência de onde estava e que agora as pessoas me importavam, o que elas pensavam de mim me importava novamente. O que eu queria era apenas sair dali. Sair daquele mundo, sair do meu mundo.
Não percebi o tanto que andei e muito menos por onde passei, lembro do escuro da sala e pessoas na tela gesticulando, falavam coisas que eu não entendia, sorriam de coisas que eu também não sabia, riam em seu egoísmo casto. O mundo ria, enquanto aquela lágrima de remorso e auto piedade escorria pelo meu rosto. Foi apenas uma, a última.
Chorei por ter visto aquela imagem refletida no espelho e saber que a partir daquele momento não existiria mais, e mesmo assim, chorei de felicidade por ela não existir mais.